AA Juventude

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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Os primeiros toques femininos

Vamos conhecer uma pouquinho da história das mulheres em campo ....

Se em 1857 as mulheres já lutavam por seus direitos, futebol era atividade exclusivamente masculina. Mas em 1892 a coisa começou a mudar. Pelo menos é um dos primeiros jogos que se tem noticia. Mas que graça tem ir até alí, 1892? Será que antes as mulheres não tinham nenhuma atividade física?
Há indícios de que as primeiras mulheres a se envolver com o jogo, foram as chinesas durante a Dinastia Han – durou de 206 a.C. até 220 d.C., numa variação primitiva do futebol que se chamava “Tsu Chu”, tradução do chinês para “lançar com o pé” (tsu), uma “bola recheada feita de couro” (chu).
A primeira partida feminina oficial, aconteceu entre Escócia e Inglaterra em 1892, e, no Brasil, o primeiro jogo de futebol entre meninas que se tem conhecimento, aconteceu em 1913, em São Paulo entre os times da Cantareira e Tremembé.
A Primeira Grande Guerra também colaborou para a inseração das mulheres no jogo inglês, já que com a ida dos homens para a área de combate, foi da mulher o braço forte e trabalhador da Inglaterra, o que significou também, a criação de diversos times femininos das fábricas, entre os mais bem sucedidos, destacou-se o The Dick Kerr Ladies, que esteve ativo de 1917 até 1965.

Ladies, que esteve ativo de 1917 ate 1965.Mas e de 1958 que se tem imagens do primeiro time

Agora realiza amiga: Jogar com uma "chuteira" dessas, em campos nada favoráveis...


Quem nunca se machucou jogando bola, levanta a mão

time feminino de 1959

Momento de tranquilidade para a goleira



















Em 1965, o CND – Conselho Nacional de Desportos, baixou deliberação proibindo a prática do futebol pelas mulheres, utilizando alguns argumentos esdrúxulos.Porém em 1964, ano do duríssimo golpe militar, a CND também resolveu podar o direito das meninas de bater sua bolinha, mas a proibição vem de muito antes.O Decreto-Lei 3.199/41, em seu artigo 54 dizia o seguinte: “Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo para esse efeito o Conselho Nacional dos Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país…”

Último jogo das mulheres no Morumbi, Corinthians São Paulo












Nota comemorada pela mulherada da bola











Somente em 1979, o CND revogou a deliberação 7/65 e a substituiu pela 10/79, onde concedia às mulheres o direito de praticar as modalidade que lhes foram proibidas. O reconhecimento oficial por parte do CND, só veio em 1983, mais exatamente no dia 25 de março. O futebol feminino era um esporte, poderia ser praticado, mas com algumas mudanças, como a duração das partidas, que teriam 70 minutos, com 15 a 20 minutos de intervalo. O diâmetro da bola variaria de 62 a 66 centímetros e deveria pesar no máximo 390 gramas. A s chuteiras deveriam ter travas metálicas ou pontiagudas e, pasmem, as jogadoras não poderiam trocar a camisa após os jogos.
Mas nem tudo ainda eram flores para nossas guerreiras do campo, e a CBF ainda proibia a utilização dos estádios oficiais para os jogos das meninas. Um acinte à capacidade das nossas guerreiras de conduzir uma bola ou realizar jogadas brilhantes.
A advogada Zulaiê Cobra Ribeiro, paulistana, formada pela PUC/SP, foi uma das mulheres que comprou a briga pelo futebol feminino, e nos contou com exclusividade, algumas de suas peripécias quando o assunto é direito das mulheres:
“Sempre fui atleta, era campeã de arremesso de disco, mas tenho imenso respeito pelas jogadoras de futebol. A Rose (do Rio) me convidou para defender a causa das mulheres e o futebol, e confesso que sou orgulhosa de duas coisas na minha vida: Primeiro por ter ganho a causa contra a CBF, mesmo sendo em última instância, e ver as mulheres podendo praticar seu jogo. E, segundo, por defender as lésbicas. Saí em vários jornais em 1975, quando fui brigar com a polícia num bar frequentado por mulheres gays. A polícia chegava lá para bater nas meninas e eu achava isso um absurdo. Não quis nem saber, fui lá pra “porrada”. Meu marido e meus filhos me perguntaram se eu não tinha vergonha. Mas não tenho vergonha não. Eu sempre defendi as mulheres, sou uma, sei das dificuldades.”
Graças à Zulaiê, que defendeu o direito das mulheres de jogar futebol, os anos de 1980 tiveram uma expansão considerável de mulheres no jogo. Mas isso é tema para o próximo texto.

Zulaie é fera. Advogada respeitada e guerreira quando o assunto é direito da mulher.

Um comentário:

  1. Por favor, creditem o site original da matéria: www.futebolparameninas.com.br
    Obrigada!
    Lu Castro

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